sexta-feira, 8 de maio de 2009

Estádios

Em troca de e-mails futebolísticos com meu pai, surge uma informação interessantíssima sobre os estádios dos clubes paulistas no início dos anos 50. Conta o meu pai:

"Naquela época, os times da capital que disputavam a primeira divisão que tinham estádio próprio eram só o Palmeiras, com o Parque Antártica, o Juventus, com o Rodolfo Crespi, na Rua Javari e o Nacional, com o Nicolau Alayon, na rua Comendador Souza. O Ypiranga tinha um estadiozinho muito pequeno na rua Tabor, que só abrigava jogos muito pequenos. Os demais ele mandava no  Pacaembu, onde também o Corinthians e o São Paulo mandavam todos os seus jogos . O Comercial, que também não tinha estádio, era "inquilino" do Juventus ou do Nacional e a Portuguesa, que tampouco tinha estádio, mandava os jogos grandes no Pacaembu, e para os médios e pequenos, alugava o Parque Antártica ou o Nicolau Alayon.

O Corinthians tinha a Fazendinha, que mantém até hoje apenas para treinamentos.
O Sâo Paulo tinha o Canindé, que era apenas um campo de treinos, sem arquibancadas. Só virou estádio depois que o São Paulo vendeu a área para a Portuguesa que lá construiu inicialmente o antigo estádio de madeira, que tinha o apelido de Ilha da Madeira e, posteriormente, o estádio atual.
 
Os outros três times que disputavam o campeonato eram de Santos: o Santos, que já tinha o atual estádio Urbano Caldeira, na Vila Belmiro, a Portuguesa Santista, que já tinha também o Ulrico Mursa, e o Jabaquara, que não tinha estádio e mandava seus jogos no estádio do Santos."

Isso me faz pensar na atual discussão sobre a cessão do Pacaembu para o Corinthians. Por mais que meu amigo Vitor argumente - e olha que ele argumenta muito bem, por vezes quase me convence - não consigo achar que seja uma boa idéia. Talvez eu ainda seja uma romântica em tempos de futebol-comércio. Mas me pergunto se realmente todo clube precisa ter um estádio; se realmente o Palmeiras precisa construir aquela arena (ok, eu votei a favor, mas no fundo acho que foi mais ideologicamente que pela arena em si).

Eu acho deliciosa a idéia de ter um estádio que é de todos e não é de ninguém. Por que acabar com isso?

Será que não seria simpaticíssimo para o futebol se os clássicos fossem sempre disputados em campo neutro, no caso o Pacaembu? Será que o conceito de um campo neutro não ajudaria a amenizar os ânimos das gangues organizadas que frequentam os estádios? Será que com isso não começaríamos a mudar alguns valores para, um dia, voltarmos a assistir aos jogos lado a lado com o torcedor adversário?

Tá, eu sou mesmo romântica e saudosista (e com saudades de uma época que eu nem vivi). E não adianta me vir com números e explicações comerciais, eu vou exercer o meu direito de ser romântica e saudosista até o fim.

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